2 de janeiro de 2008

No carro, com meu pai. (e os faróis vermelhos)

Quando eu tinha 5 anos eu me lembro de estar sentada no banco de trás do carro, enquanto voltávamos da casa da minha avó:

- Pai, porque paramos?
- O sinal está vermelho filha, logo iremos seguir.
- Mas pai... Por que paramos no sinal vermelho?
- Porque sim. - Disse minha mãe já impaciente com as minhas peguntas.
- Tudo tem um porque - disse meu pai. - Estamos parados porque o sinal está fechado para nós, usamos as cores para controlar o fluxo de pessoas e assim ninguém bate em ninguém.
- Ahhhh...

Naquele dia o meu pai me ensinou a nunca aceitar uma resposta pronta sem justificativa.
Porque tudo na vida de fato tem um porque e um sentido. A maioria das pessoas passa toda a sua vida sem entender nada, sem se importar o porque dos costumes, das regras, das leis... Não sei quando exatamente isso começou, ou quando questionar se tornou rebeldia, coisa de subversivo, mas é um fato... Hoje isso pouco existe, talvez em parte porque faltaram pais como o meu que ensinam os filhos do porque das coisas.

Hoje é um dia que eu me pergunto, por quê? Porque ser sincera e honesta é uma atitude tão pouco valorizada hoje em dia? Porque as pessoas preferem que a gente se mascare e finja que aceita coisas que não fazem sentido para nós?

No fundo eu acho que as pessoas se mascaram. Elas criam toda uma verdade em torno de si próprias para justificar toda a felicidade que muito provavelmente elas não estão sentindo. Precisam gritar aos quatro ventos o quanto elas são felizes e tem certeza do quando o destino, a vida, o amor e tudo mais tem sido bondosos com elas, mas no fundo lhe falta certeza verdadeira sobre tudo isso. Porque se de fato tudo estivesse tão bom, não haveria necessidade de se auto afirmar perante os outros.

Ou talvez eu seja mesmo diferente do resto do planeta. Talvez só aconteça comigo aqueles momentos em que eu sento e não tenho certeza de nada. Que eu penso que talvez não passo de energia e matéria e que talvez eu nunca mais vá existir. Não que eu acredite nisso, mas só a possibilidade de cogitar isso as vezes, me faz pensar sobre todas as minhas ideias prontas e me faz querer ir além das verdades que eu não possuo. Talvez eu esteja errada, mas já pensou... talvez você esteja também.

Não é sobre a vida, ou sobre quem somos, mas sobre nossas atitudes. Talvez parar no sinal vermelho não fosse tão importante, mas naquele momento meu pai aceitou aquela verdade, o que não significa que nunca mais na vida ele não passaria em um sinal vermelho... Já imaginou se infringir essa regra impossibilitasse que alguém fosse a óbito? Obvio que ele o faria sem pensar duas vezes.

Porque os faróis vermelhos estão em todo lugar em nossa vida e as vezes temos que passar sem pensar 2 vezes. Mas também, as vezes temos que parar, para não machucar a ninguém, nem a nós mesmos.